Rosa Bernile Nienau, a amiga judia de Hitler

Você consegue imaginar Adolf Hitler, um dos maiores ditadores da história, e principal responsável pelo assassinato de 6 milhões de judeus, tendo uma amizade com uma criança judia? Pode parecer um tanto quanto contraditório, alguém que abomina tanto os judeus, ter afeição por uma pessoa de origem judia. Mas, na verdade, o ditador não tinha conhecimento disso, quando conheceu a pequena Rosa Bernile Nienau.

O líder do partido nazista teve o seu primeiro encontro com Rosa na primavera de 1933. Aquela era uma ocasião especial. Várias pessoas se reuniram na residência do ditador, nos Alpes bávaros, na Alemanha, para comemorar o seu aniversário. Rosa, que na época tinha 6 anos de idade, tinha viajado com a sua mãe para participar da comemoração. O que uniu os dois foi o fato de que eles nasceram no mesmo dia. Quando ficou sabendo que a garota também estava fazendo aniversário, Hitler quis conhecer a menina pessoalmente. Daquele dia em diante, os dois mantiveram contato através de cartas durante 5 anos. Até que a sua verdadeira origem fosse revelada colocando fim à amizade entre eles.

O ditador e a judia

A imagem em preto e braço mostra um retrato terno entre Hitler e a pequena Rosa. A fotografia tem um autógrafo do próprio Hitler. “A querida e apreciada Rosa Nienau e Adolf Hitler, Munique, 16 de junho de 1933”, assina Hitler. A foto histórica foi leiloada no ano passado, em Maryland, nos Estados Unidos, por US$ 11.520. Não se tem informações de como a foto chegou até a casa de leilões ou mesmo a identidade do comprador misterioso. O que se sabe, com certeza, é que a foto foi feita pelo fotógrafo pessoal de Hitler, Heinrich Hoffmann. Posteriormente, o retrato foi enviado para Karoline Nienau, mãe da garota que aparece na foto.

Rosa Bernile Nienau era filha única, seu pai faleceu antes mesmo de ela nascer, e a sua mãe, filha de uma judia, era enfermeira. Para a Alemanha nazista, isso era considerado ser judeu. Ou seja, a origem da menina seria um empecilho para essa amizade aflorar. Não necessariamente por desejo do ditador, que, mesmo ao saber da origem da nossa nova amiga, não tinha o interesse em romper com o vínculo “seja por motivos pessoais ou publicitários”.

A foto em questão fazia parte do apelo publicitário da campanha do ditador, que costumava mostrar fotos dele acompanhado de crianças. A ideia por trás dessa jogada era vender uma imagem carismática e de líder carinhoso e atencioso. Mas anos depois, a história verdadeira por trás dessa foto se tornou pública.

O fim da amizade

O elo de amizade entre o responsável pelo Holocausto, que ceifou a vida de milhares de judeus, com a menina, de origem judia, acabou devido a interferência de terceiros. Quando o secretário particular de Hitler, Martin Bormann, soube da origem judia da pequena Rosa, ele impediu o acesso dela e da mãe à casa do ditador. Além disso, proibiu as cartas que ela enviava e também retirou as suas fotos com Hitler de todas as propagandas do partido nazista.

No primeiro instante, nem Bormann e nem o fotógrafo Hoffman contaram a Hitler sobre a herança de sangue da sua nova amiga. Mas era inevitável que tal informação não chegasse ao conhecimento do ditador, que não gostou nenhum pouco dessa interferência. De acordo com o relato de James Wilson, em seu livro Hitler’s Alpine Headquarters, de 2014: “Hitler ficou tão enfurecido por terem denunciado sua pequena amiga que disse a Hoffmann: ‘Existem pessoas que têm verdadeiro talento para arruinar minha alegria’”.

Depois disso, ele e a menina nunca mais trocaram correspondências ou tiveram contato. No entanto, Rosa nunca pôde ver o final da Segunda Guerra Mundial. Ela morreu 10 anos depois do encontro com o ditador, vítima de pólio em 1943, aos 17 anos.