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Trisal de mulheres conta experiência e dificuldades de aceitação

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O amor tem várias formas. Isso deveria ser uma coisa aceita por todos, mas infelizmente a realidade não é essa. Por conta disso, vários casais sofrem preconceito e discriminação, como por exemplo, esse trisal de mulheres.  Felizmente, elas deram as costas para o preconceito e decidiram viver seu amor.

Há sete meses, as mulheres decidiram viver uma experiência que foge do “tradicional”, ou seja, formar um trisal. E claro que vários desafios foram enfrentados até que elas chegassem à felicidade. Além do que, a aceitação ainda é um problema para elas.

Para Luana, Jéssica e Laís, nomes fictícios, a luta pela autonomia começou desde cedo. As três começaram a trabalhar aos 18 anos. Como mulheres lésbicas, lidar com a discriminação sempre foi um gigante que elas precisaram derrubar.

Relacionamento

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Em 2014, Luana e Jéssica se conheceram em uma roda de amigos. Elas começaram a namorar e logo foram morar juntas e se casaram, no civil, um ano depois. Em entrevista, elas falaram que o relacionamento foi construído com confiança e transparência. Mas ter uma relação monogâmica era difícil e fora de cogitação para elas.

No entanto, Jéssica dizia ser ciumenta e exclusiva nas suas relações anteriores. Então, o processo de desconstrução surgiu a partir de trocas e discussões sobre o tema.

“Podemos nos desprender do que nos disseram e nos moldaram, para apenas sentir e estar. Sinto que quando há maturidade e reciprocidade no querer, as relações tendem a passar por menos caos”, disse Luana.

Contudo, essa mudança de percepção só virou de fato efetiva em 2021, quando, depois de cinco anos só as duas, elas conheceram Laís pelas redes sociais. No começo, era uma amizade bem intensa e com várias afinidades.

As três se encontraram pela primeira vez no fim de outubro e a partir de então a relação tomou outra proporção.

“A desconstrução das barreiras sociais implantadas nos levou a outra relação, sem medos ou limitações do outro, e foi assim que conhecemos a Laís. Entendemos que o sentimento de amor não está na comparação e, sim, na inclusão”, contou Jéssica.

Trisal

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O trisal aconteceu naturalmente e, há pouco tempo, elas decidiram que Laís iria para João Pessoa para morar com Jéssica e Luana. “Nossa relação já vem sendo acompanhada de coisas e sentimentos bons, novos amigos, novos familiares e uma gata mandona. Manter esse bem-estar é a única coisa que importa”, disse Luana.

Embora os amigos e parentes já saibam do trisal e da decisão, de vez em quando surge uma situação desconfortável para elas. Isso acontece porque as pessoas não entendem que “a relação deve ser vista em três partes iguais, de mulheres que são conscientes do compromisso que assumiram”, como pontuou Jéssica.

Por isso que elas também não veem necessidade em evidenciar sua relação para as pessoas que não sabem. Até porque, a preocupação maior delas é fortalecer a relação internamente.

“O mais ideal dos mundos seria a exclusão da definição padrão da relação e a garantia de direitos iguais para todos que conscientemente escolheram viver o que vivem”, concordaram as três.

Assim como qualquer casal monogâmico, o trisal também discute e até se desentende. No entanto, é nessa convivência que a relação delas amadurece.

“É onde achamos as nossas melhores conexões, que mais damos risadas e nos divertimos. O olhar tranquilo para o dia e para o compartilhar da nova relação acaba fazendo as três felizes no cotidiano”, afirmou Luana.

Mesmo com as dificuldades enfrentadas por serem um trisal, as mulheres querem ter filhos e também querem crescer profissionalmente. Luana é analista de negócios e sistemas, Jéssica trabalha com tecnologia e Laís é empreendedora.

O próximo passo para o trisal é registrar sua união civil, que ainda não foi legalizada no Brasil.

Reconhecimento

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Segundo o advogado Henrique Dantas, o artigo 255 do Código Penal Brasileiro diz que “a bigamia é considerada um crime contra a família e contra o casamento, punível com pena de reclusão de 2 a 6 anos”. Para essa lei existir, ela se respalda no que é tido como a concepção de família.

“A Constituição Federal em seu art. 226 considera a família, base da sociedade, entretanto, dá a proteção do Estado a união estável apenas entre o homem e a mulher, apenas eles são reconhecidos como entidade familiar pela nossa Carta Magna”, afirmou o advogado.

Embora, de acordo com Henrique, alguns cartórios já registraram uniões estáveis poliafetivas descrevendo nas escrituras públicas como “modelo de união afetiva múltipla, conjunta e simultânea”. Contudo, desde 2018, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) os proibiu de fazerem isso.

Mas isso não impede que um trisal busque o reconhecimento da família por meio de ações judiciais, ou até mesmo na esfera cível.

Fonte: G1

Imagens: G1,

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