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Embora se trate de uma animação voltada para o público infantil, Avatar: A Lenda de Aang acaba transcendendo gerações e atraindo um público muito diverso etariamente. Existem inúmeros elementos responsáveis por esse magnetismo do universo criado por Bryan Konietzko e Michael Dante DiMartino, do incrível enredo, passando pelas diversas críticas sociais e pela introdução de uma mitologia completamente encantadora, chegando aos personagens e situações extremamente relacionáveis, há muito o que elogiar. No entanto, se olharmos bem, o principal trunfo da série do jovem dobrador de ar e seus amigos está na forma como conseguimos enxergar muito do mundo real nesse universo fictício.
Pois bem, curiosamente, Konietzko e DiMartino revelaram que foram inspirados por um evento histórico da vida real enquanto desenvolviam os estágios iniciais de Avatar. Aparentemente, os criadores sabiam que precisavam de uma ideia que apelasse e fosse apropriada para crianças e com personagens com os quais esse público pudesse se identificar. Sendo assim, o esboço de Avatar sugeria um menino careca acompanhado por dois fieis companheiros: um macaco-robô ciclope com uma flecha na cabeça e um híbrido de cão-urso polar. Essa informação foi relevada pelos próprios Konietzko e DiMartino em Avatar Spirits, um pequeno documentário sobre a criação de Avatar: A Lenda de Aang.
Surpreendentemente, esse esboço inicial serviu para originar Aang, Momo e Appa. Enquanto o macaco-robô se tornou um lêmure nativo do Templo do Ar, o cão-urso foi convertido em um bisão-voador – mas a ideia foi reutilizada novamente em A Lenda de Korra, originando Naga, a fiel companheira da nova Avatar. Além disso, os criadores decidiram retirar a flecha da cabeça do macaco-robô e colocá-la no garoto careca. Pronto, assim nasceu nosso querido Aang. No entanto, um detalhe que poucos sabem é que a ideia de apresentá-lo congelado dentro de um iceberg veio diretamente dos livros de história.
A referência histórica existente em Avatar: A Lenda de Aang
Agora que o conceito dos personagens estava pronto, essas figuras precisavam de um mundo e uma história. Então, DiMartino pensou na Antártica. Sendo mais específicos, o co-criador de Avatar lembrou da expedição de Ernest Shackleton, um famoso explorador polar, à Antártica no Endurance. Apesar de Shackleton ter liderado várias expedições britânicas à Antártica no início de 1900 e contar com inúmeras histórias, a parte que mais interessou DiMartino foi um relato de sobrevivência. Em 1915, o Endurance, navio do explorador, afundou na Antártica, deixando sua tripulação de 28 homens a mercê do frio congelante.
Embora o ocorrido tivesse tudo para se tornar uma tragédia, Shackleton e sua tripulação viajaram a pé e de barco por meses até serem resgatados – todos eles com vida. “Eu estava assistindo documentários sobre a louca expedição antártica de Shackleton”, contou DiMartino em Avatar Spirits, “E o navio preso no gelo e todos esses caras sobrevivendo contra todas as probabilidades”. Esse desfecho acabou deixando DiMartino e Konietzko intrigados com a ideia de que os humanos conseguiriam sobreviver aos climas mais adversos e extremos da Terra. Então, Konietzko teve uma epifania e pensou “em combinar sua ideia [de DiMartino] relacionada à Shackleton com esse garoto”. Assim a expedição de Ernest Shackleton à Antártica foi referenciada no primeiro episódio da série, o piloto O Garoto no Iceberg.
No episódio em questão, Katara e Sokka descobrem Aang conseguiu superar todas as probabilidades e sobreviveu preso em um iceberg por cem anos, não muito diferente dos homens de Shackleton que sobreviveram ao frio e implacável Antártico. E então, o que você achou desse paralelo entre o mundo animado e a realidade? Já havia cogitado a possibilidade de Avatar ser inspirado em eventos históricos? Compartilhe sua opinião com a gente.
Fonte: Screen Rant
Imagens: Nickelodeon Smithsonian Magazine Geographical Magazine.
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