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Muitas pessoas têm medo da radiação. De fato, a exposição a altos níveis de dela são preocupantes e podem gerar danos irreversíveis à saúde humana. Porém, ao contrário de algumas toxinas encontradas na natureza, os seres humanos evoluíram para viver com a exposição a baixas doses de radiação.
A Terra (e o universo inteiro) está repleta de radiação desde que o Big Bang gerou essas partículas na forma de átomos conhecidos como radioisótopos primordiais, há cerca de 14 bilhões de anos. Agora, eles fazem parte de tudo no cosmo.
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Radioisótopos primordiais ainda estão presentes em rochas, minerais e no solo. A degradação desses elementos é fonte de calor no interior da Terra: o núcleo de ferro fundido é transformado em um dínamo (espécie de gerador de eletricidade) de convecção que mantém um campo magnético suficientemente forte para proteger os seres humanos contra a radiação cósmica. Não fosse por isso, essa radiação eliminaria a vida na Terra.
Por outro lado, sem essa radioatividade, a Terra teria se resfriado gradualmente até tornar-se um globo rochoso morto com uma bola de ferro fria no seu núcleo. Com isso, a vida não existiria. A radiação é tão presente no dia a dia dos seres humanos que pode ser encontrada em alimentos como bananas, feijão, cenouras, batatas, amendoins e castanhas-do-pará. A cerveja, por exemplo, contém uma forma radioativa de potássio.
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Essa radiação do potássio emite raios gama com alta energia à medida que se degrada. Esses raios gama escapam do corpo humano, o que confirma que todos nós somos levemente radioativos. A característica positiva em meio a tudo isso é que nossos corpos evoluíram e se adaptaram para conviver com níveis baixos de radiação.
Os usos da radiação na medicina
A radioatividade natural foi descoberta pela primeira vez pelo cientista francês Henri Becquerel em 1896. Os primeiros materiais radioativos artificiais foram produzidos por Marie e Pierre Curie nos anos 1930 e, desde então, vêm sendo utilizados na ciência, indústria, agricultura e medicina.
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A terapia de radiação, por exemplo, ainda é um dos métodos mais importantes de tratamento do câncer. Para aumentar a potência da radiação terapêutica, pesquisadores estão tentando modificar células cancerígenas para reduzir sua capacidade de reparar a si próprias.
Outra forma do uso de radiação no corpo humano é na radioiodoterapia. O iodo radioativo é um medicamento à base de iodo que emite radiação, utilizado principalmente em certos casos de hipertireoidismo ou câncer da tireoide. Em doses menores, também pode ser utilizado para avaliar o funcionamento da tireoide, no exame de Cintilografia.
O iodo 131 é o mais utilizado em tratamentos. No entanto, o iodo 123 tem sido a melhor opção para a realização da Cintilografia, visto que tem menores efeitos e duração no organismo. Se tratando de um material que apresenta radiação, alguns cuidados são necessários após a utilização do iodo radioativo, como permanecer isolado em uma sala por cerca de três dias e evitar o contato com outras pessoas, principalmente crianças e gestantes.
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Além disso, a recomendação é que o paciente fique a um metro de distância de qualquer pessoa. Relações sexuais também não são permitidas, assim como é proibido dormir na mesma cama que outra pessoa durante o período recomendado pelo médico (que dura cerca de oito dias).
Da mesma forma, é necessário lavar separadamente toda a roupa usada durante a semana seguinte à utilização do iodo. Depois de urinar ou evacuar também é recomendado que se dê descarga três vezes seguidas, além de não compartilhar o banheiro com mais ninguém da casa. Isso se faz necessário até que os níveis do medicamento diminuam e não haja o risco de contaminar outras pessoas com o seu efeito.
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