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A emocionante história da primeira médica do Brasil com tetraparesia

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Em 2014, Elaine Luiza Santos sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) aos 33 anos, fase da vida em que ela estava no 3º semestre de medicina no Paraná. O colapso ocorreu na ponte do tronco encefálico, o que deixou a estudante com tetraparesia. Essa condição enfraquece os músculos dos quatro membros da pessoa, e no caso da paranaense, também lhe retirou a capacidade de fala.

Sendo assim, ela se comunica usando seus olhos em uma prancha alfabética, objeto que lhe permitiu concluir os estudos e se formar em 2022. “Nunca pensei em parar, minhas capacidades intelectuais e cognitivas permaneceram e estão intactas. Tenho a total capacidade de conquistar minha formação em medicina”, relata Elaine ao Viva Bem.

Fonte: Arquivo pessoal

14 de novembro de 2014

Sem dúvidas, a noite de 14 de novembro de 2014 foi um dos momentos mais marcantes da vida da hoje recém-formada médica. Naquela noite, ela cumpriu sua rotina: voltou da faculdade às 21:00, jantou, foi para a academia e em seguida se dirigiu a mais uma madrugada de descanso.

No meio do sono, a estudante acordou com uma forte dor de cabeça, porém, não conseguiu tomar o remédio. Isso porque, ao ingerir a pílula, ela vomitou e logo em seguida caiu no chão, ficando consciente, mas sem movimentos.

Uma vez que ela morava sozinha, não havia ninguém na casa para lhe prestar suporte. Portanto, somente após 15 horas, uma vizinha ouviu os gemidos de Elaine. Depois de detectar a situação, a moradora chamou um chaveiro e ligou para a assistência médica.

Fonte: Pixabay

Foi aí que se constatou a entrada da tetraparesia na vida da mulher de 33 anos. “Da noite para o dia, tinha perdido todos os movimentos do corpo e a fala”, relembra Elaine, que ficou 30 dias na UTI após o AVC. A propósito, ela ficou internada no mesmo hospital em que estudava (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), local em que a paranaense passou por traqueostomia, gastrostomia e intensas sessões de fisioterapia.

Nesse sentido, as previsões eram ruins quanto à saúde da estudante, existindo a chance de ela não acordar ou ter para sempre uma respiração mecânica dependente de ventilação mecânica. Todavia, a futura médica abriu os olhos e expressou consciência. Uma nova e desafiadora vida começava ali.

Reabilitação e estudos

Definitivamente, é difícil quebrar o elo que existe entre Elaine e a medicina. Afinal, essa profissão é seu sonho de criança. Contudo, aos 22 anos ela se graduou em farmácia também pela Unioeste. Insatisfeita com sua área de atuação, a jovem resolveu ingressar em um cursinho para buscar a entrada em uma universidade pública com oferta de medicina.

Dessa forma, a estudante utilizou o ano de 2011 para revisar conteúdos do ensino médio, o que resultou em sua aprovação na instituição da sua primeira formação. Seu fluxo no curso se sucedeu bem entre 2013 e 2014, sendo este último ano o hospedeiro do incidente que lhe causou a tetraparesia.

Fonte: Arquivo pessoal

A partir daí, surgiu a dúvida: como continuar os estudos? E a resposta dessa pergunta chegou a ela já quando estava na UTI. Na época, seu médico-amigo, Lázaro Teixeira mostrou a Elaine uma prancha alfabética. Em síntese, essa tecnologia permite que o paciente escolha uma letra através da piscada. Assim, ele forma palavras e frases, permitindo a comunicação sem usar as cordas vocais.

Apesar da alternativa encontrada, somente em setembro de 2015, foi possível à estudante retornar à sala de aula. “Havia muita resistência dos docentes e colegas do curso, mas eu tinha claro e firme meu objetivo de concluir o curso e me tornar médica. Queria e tinha direito de estar ali, mas para isso dependia de uma cadeira de rodas.”

Além do veículo de locomoção, a instituição pública de ensino disponibilizou transcritoras a Elaine. Estas vocalizavam o que estava escrito na prancha da aluna, o que facilitou o cumprimento dos diálogos necessários em uma formação acadêmica.

Fonte: Marcus Aurelius

Conclusão

De início, a expectativa era que a paranaense se formasse em 2017. Porém, a tetraparesia lhe fez ter que conciliar as fisioterapias com os estudos, o que lhe levou a pegar poucas matérias ao longo dos semestres. Dessa forma, ela conviveu com diversas turmas até a festa de formatura, que aconteceu em fevereiro de 2022.

Inclusive, a participação dela na festa teve patrocínio de professores do curso de medicina e de farmácia, além da ajuda de alunos da turma XVI. Portanto, ao longo do curso, a hoje médica vê uma mudança na desconfiança que as pessoas tinham na jornada dela.

“Frente ao tratamento igual dos colegas, houve uma mudança na atitude dos que ainda eram céticos. Os professores, ou quase a maioria deles, mudaram suas opiniões e muitos passaram a me apoiar. Não havia diferença de conteúdo ou facilitação nas provas, apenas adaptação na forma de execução”, conclui Elaine.

Fonte: Viva Bem.

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