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Amazônia poderia ser o berço das civilizações?

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Uma das pistas que ajudam a validar a Amazônia como o berço das civilizações vem da linguística. Entre os povos nativos da América do Sul, existe uma gigantesca diversidade de idiomas. Somente no nosso pedaço do continente, existem cerca de uma centena de famílias linguísticas. Isso representa um pouco menos de um quarto do total mundial.

Nesse pequeno grupo, ao menos 50% correspondem a famílias de um único membro, que são chamadas de línguas isoladas e que não compartilham de parentescos. Ao menos, não conhecidos. Assim, quando comparamos com a Europa, por exemplo, temos um vislumbre da grandiosidade disso.

O berço das civilizações

Em toda a Europa, há apenas uma única língua isolada, o basco, na Espanha. Quase todas as línguas faladas por lá são descendentes do tronco linguístico indo-europeu. E como o próprio nome nos indica, o mesmo também ocorre na Índia, Irã, entre outros lugares da Ásia.

As línguas indo-europeias podem ter alcançado sucesso devido as vantagens competitivas de seus falantes nativos. No entanto, a hipótese mais aceita é de que a domesticação de cavalos possa ter sido a grande vantagem. Isso conferia aos indo-europeus o equivalente pré-histórico de tanques guerra.

No Extremo Oriente e na África, também é possível perceber expansões linguísticas semelhantes. Nestes dois casos, o que dava vantagem a esses grupos era a agricultura. Agora você pode se perguntar se a diversidade linguística sul-americana indica que nada disso possa ter acontecido por aqui. A resposta seria um grande “mais ou menos”.

Nenhum grupo por aqui talvez tenha obtido vantagens tão imensas quanto tiveram os indo-europeus, ou os povos africanos e asiáticos. Entretanto, algumas famílias linguísticas têm distribuições que atingiram milhares de quilômetros e dezenas de idiomas.

“Quando a gente olha com mais calma, percebe que ocorreram expansões sul-americanas que não ficam atrás desses processos do Velho Mundo”, disse Jonas de Souza Neres, da Universidade Federal do Pará.

É nesse ponto que percebemos que quase todos os grupos sul-americanos linguisticamente distintos têm origem na Amazônia. A mais famosa família linguística nascida na floresta amazônica é a Tupi-Guarani. No início do século XVI, ela se espalhou por quase toda a costa do Brasil, pedaços do Paraguai e trechos amazônicos.

A expansão

Acredita-se que esse grupo tenha surgido onde hoje é o estado de Rondônia há alguns milhares de anos. As variantes da família linguística Aruak conseguiram se expandir ainda mais, da Bolívia ao Caribe. Essa família pode ter surgido no noroeste da Amazônia. Os primeiros indígenas encontrados por Cristo vão de Colombo em 1492, aos Taino, e pertenciam a esse imenso grupo.

Os mares do Caribe ganharam esse nome devido aos Carib, membros de outra família linguística de raízes amazônicas. Alianças multiétnicas que caracterizam o Alto Xingu envolvem grupos Aruak e Carib. Grupos gigantescos podem ter sido responsáveis pela criação de monumentos e aldeias circulares gigantescas. Muito provavelmente sob liderança dos Aruak.

Os Macro-Jê, grande família linguística brasileira, são os únicos que não possuem tal associação próxima da Amazônica. “Mesmo assim, tenho colegas que trabalham com linguística que enxergam uma maior diversidade Macro-Jê na fronteira sul da Amazônia”, disse Jonas.

Tal pista é de suma importância sobre o local de origem de uma família de idiomas. Em geral, a área cuja diversidade é maior, costuma ser o berço de um grupo. Isso devido ao fato dele existir naquela região há mais tempo, assim tendo mais tempo para diversificar. Se considerarmos o que sabemos sobre outras expansões linguísticas ao redor do mundo, imaginar que as etnias amazônicas geraram frutos graças a suas práticas agrícolas, pelo menos em parte, não seria algo incoerente.

Muitas plantas importantes parecem ter sido domesticadas primeiramente na Amazônia e só depois se espalharam por todo o continente. Estima-se que aproximadamente 80 espécies amazônicas foram adaptadas para o uso humano. Com tamanha diversidade, os grupos que saíram do berço amazônico levavam com eles um pacote tecnológico que se adaptava aos mais distintos ambientes das florestas tropicais. O que, segundo Souza, pode ter auxiliado os Tupi Guarani a colonizar as regiões da Mata Atlântica.

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