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Animais podem detectar desastres naturais antes que aconteçam?

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Estudos sugerem que alguns animais conseguem sentir quando um desastre natural vai ocorrer. Um exemplo que deixa claro essa situação foi o tsunami ocorrido na costa da Indonésia em 2004, que matou mais de 225 mil pessoas em 12 países.

Diversas comunidades não receberam alertas de que um tsunami estava prestes a acontecer. No entanto, elefantes correram para os terrenos mais altos, flamingos abandonaram áreas de ninhos em locais baixos e cães se recusaram a sair de casa, conforme apurou a BBC.

Ainda segundo ela, na aldeia costeira de Bang Koey, na Tailândia, habitantes locais relataram ter visto uma manada de búfalos na praia subitamente levantar as orelhas, olhar para o mar e correr para o topo de um morro próximo poucos minutos antes de o tsunami chegar. 

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“Sobreviventes também relataram terem visto animais, como vacas, cabras, gatos e pássaros, movimentando-se deliberadamente para o interior pouco depois do terremoto e antes da chegada do tsunami”, diz Irina Rafliana, que fez parte de um grupo consultivo da Estratégia Internacional para Riscos de Desastres das Nações Unidas (UNISDR) e que agora é pesquisadora do Instituto Alemão para o Desenvolvimento em Bonn, na Alemanha.

A referência mais antiga registrada sobre comportamentos incomuns dos animais antes de um desastre natural data de 373 a.C. Na época, o historiador grego Tucídides relatou que ratos, cães, cobras e doninhas abandonaram a cidade de Hélice, na Grécia, dias antes de um terremoto catastrófico.

Existem descrições similares em outros momentos da história humana. Minutos antes do terremoto ocorrido no ano de 1805 em Nápoles, na Itália, bois, carneiros, cães e gansos supostamente começaram a emitir sinais de alarme em uníssono. Há relatos de que cavalos correram em pânico pouco antes do terremoto de São Francisco, nos Estados Unidos, em 1906.

Mesmo com tecnologia avançada, pode ser difícil detectar muitos tipos de desastres naturais iminentes. No caso de terremotos, por exemplo, os sismógrafos somente começam a mover-se e registrar oscilações no papel quando a terra já começou a tremer. Os animais, no entanto, conseguem perceber a iminência de um desastre antes que ele tenha início.

Estudos sobre a percepção dos animais

Uma das pesquisas mais importantes sobre a forma como os animais podem prever desastres naturais foi conduzida cinco anos atrás por uma equipe liderada por Martin Wikelski do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha.

Por meio de um processo conhecido como rastreamento remoto, o estudo envolveu registros dos padrões de movimento de diferentes animais, como vacas, carneiros e cães, em uma fazenda na região de Marcas, na Itália, que está mais sujeita a terremotos. Colares com chips foram colocados em todos os animais. Esses apetrechos foram responsáveis pelo envio de dados de movimentação para um computador central em intervalos de minutos, entre outubro de 2016 e abril de 2017.

Durante esse período, as estatísticas oficiais registraram mais de 18 mil terremotos na região, desde tremores minúsculos com apenas 0,4 graus de magnitude até uma dúzia de tremores de magnitude 4 ou acima. Os pesquisadores encontraram evidências de que os animais da fazenda começaram a mudar de comportamento até 20 horas antes dos terremotos. 

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Sempre que os animais monitorados apresentavam 50% mais atividade por um período de mais de 45 minutos, os pesquisadores previram terremotos de magnitude superior a 4,0. Sete dos oito terremotos fortes foram previstos corretamente desta forma. “Quanto mais próximos os animais estavam do epicentro do tremor iminente, mais cedo eles mudavam seu comportamento”, afirmou Wikelski em 2020, quando o estudo foi publicado.

Outro estudo conduzido por Wikelski, que acompanhou os movimentos de cabras monitoradas nas encostas vulcânicas do Monte Etna, na Sicília (Itália), também concluiu que os animais pareciam sentir antecipadamente quando o Etna entraria em erupção. Já a ecologista comportamental Rachel Grant, da Universidade South Bank, em Londres, encontrou resultados similares na Cordilheira dos Andes. 

Explicações científicas

Segundo Matthew Blackett, professor de geografia física e riscos naturais da Universidade de Coventry, no Reino Unido, alguns cientistas defendem a teoria de que os animais podem ter um mecanismo evoluído de fuga de sismos.

“Talvez eles detectem ondas de pressão antes da chegada dos terremotos ou talvez detectem mudanças no campo elétrico como linhas de falha quando a rocha começa a comprimir-se. Os animais também contêm [no corpo] muito ferro, que é sensível ao magnetismo e aos campos elétricos”, explica Blackett.

Naturalmente, muitos animais possuem aparelhos sensoriais altamente desenvolvidos que podem ler uma série de sinais naturais da natureza. Por isso, parece perfeitamente possível que alguns animais possam ser capazes de captar precursores de terremotos. 

Para utilizar desse mecanismo de defesa dos animais, a China já criou um sistema de alerta de terremotos, instalado em um escritório que monitora terremotos em Nanning, no sul do país. O sistema analisa o comportamento de animais que ficam muito mais próximos do solo, como cobras, em fazendas ao longo de uma ampla região sujeita a terremotos.

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As cobras possuem um poderoso conjunto de mecanismos sensoriais para detectar minúsculas alterações de aspectos do seu ambiente. Foram, em parte, mudanças súbitas no comportamento das cobras e de outros animais que alertaram as autoridades para evacuar a cidade chinesa de Haicheng, em 1975, pouco antes de um grande terremoto.

“De todas as criaturas da Terra, as cobras talvez sejam as mais sensíveis aos terremotos”, afirmou Jiang Weisong, então diretor do escritório de Nanning, ao jornal China Daily em 2006. “Quando um terremoto está por acontecer, as cobras saem dos seus ninhos, mesmo no frio do inverno”, completou Weisong.

Fonte: BBC

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