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É oficial, estamos gastando mais recursos naturais que a Terra pode nos oferecer

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O último dia 29 de julho de 2019 marcou o ponto em que começamos a consumir mais recursos do que a Terra pode reabastecer. Esse dia é conhecido mundialmente como The Overshoot Day, ou Dia da Sobrecarga da Terra. Não bastasse isso, a data está chegando cada vez mais cedo a cada ano, o que tem deixado a comunidade científica cada vez mais assustada.

Isso é muito preocupante pelo simples motivo de que levamos apenas 209 dias para consumir o que deveria ser consumido em um ano. Ou seja, em 365 dias. E quando falamos de recursos, falamos de coisas que vão desde alimentos e madeira à terra e carbono. O homem está usando a natureza 1,75 vezes mais rápido do que ela pode ser reabastecida. Para que pudêssemos fazer isso de forma sustentável, seriam necessários os recursos de 1,75 Terras.

Esses números foram divulgados recentemente pela Global Footprint Network. Esta é uma organização internacional sem fins lucrativos e é quem realiza o cálculo de nosso orçamento ecológico anual e a data em que o excederemos. Uma vez que estouramos esse orçamento, começamos então a consumir recursos de maneira completamente insustentável.

“É um esquema de pirâmide”, disse o CEO e fundador da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel. “Depende de usar mais e mais do futuro para pagar o presente”. Ele ainda comparou o modo de consumo com uma dívida que continua a crescer e que não podemos pagar. “Não há nada que impulsione a economia se usarmos demais nossos recursos”, disse ele, “porque toda atividade econômica depende do capital natural e, sem isso, não vai funcionar”.

Essa dívida ecológica parece estar ficando cada vez mais pesada com o passar dos anos. Passamos a consumir recursos excedentes nos anos 1970 e, desde então, as coisas têm piorado. Para termos uma ideia, nos últimos 20 anos, o Dia da Sobrecarga da Terra avançou mais de dois meses. E esse ano não foi diferente, com o dia chegando ainda mais cedo.

Tudo resultado de ações como a alarmante e ligeira derrubada das florestas para o fornecimento de madeira e áreas para agricultura, a superexploração dos recursos hídricos para a indústria e a agricultura e a utilização de combustíveis fósseis. Sendo que este último tem produzido emissões de carbono que tem elevado perigosamente a temperatura do planeta.

Assim como acontece com as dívidas financeiras, não poderemos evitar as consequências por muito tempo. Os impactos dessas ações estão se tornando muito claros. Incêndios florestais se tornando cada vez mais frequentes, cidades ao redor do mundo ficando sem abastecimento de água e, segundo um relatório da ONU, publicado em maio deste ano, até 1 milhão de espécies de animais podem ter sido extintas graças à ação do homem.

A conta não bate

As nações mais ricas, de acordo com a Global Footprint Network, são as que mais consomem tais recursos, enquanto as mais pobre são as que mais sofrem com as consequências. Se todo o restante do mundo vivesse como se vive nos Estados Unidos, precisaríamos de recursos de cinco Terras. Por outro lado, se consumíssemos recursos na mesma proporção com que as pessoas na Índia o fazem, só seria necessário sete décimos de um planeta.

“É uma situação insustentável e que não continuará indefinidamente”, disse Wackernagel. Para o fundador da Global Footprint Network, a culpa é dos políticos e economistas pela atuação diante da situação. Segundo Wackernagel, a economia depende e não pode ser desassociada dos recursos naturais. Entretanto, a tendência é tratar das condições ambientais de forma secundária. Para ele, essas são questões fundamentais para a capacidade de sobrevivência da economia. Ignorá-los nos fará pagar um alto preço.

“Assim, enquanto, por exemplo, nos Estados Unidos, o governo Trump não acha que a ação climática é um grande investimento para os Estados Unidos, eles farão o que puderem para evitar o assunto”, disse Wackernagel.

A Global Footprint Network lançou uma campanha que pretende pôr um fim ao Dia da Sobrecarga da Terra. O objetivo é a conservação de recursos para atrasar a data o quanto for possível, ao menos cinco dias por ano. Assim, até 2050, poderemos viver dentro dos recursos de uma Terra. Foram identificadas diversas áreas na quais o consumo pode ser reduzido.

Entre elas, estão cidades mais eficientes e de baixo carbono, deixando combustíveis fósseis de lado. Consertar o falho sistema alimentar, proteger a natureza através da agricultura regenerativa e propagar a conservação em larga escala.

“Não se trata de sacrifício”, disse Wackernagel. “É tudo sobre investir em um futuro onde nossa próxima geração, nossos filhos, possa prosperar. Existem toneladas de soluções possíveis com impacto muito alto. Mais uma vez, a questão é: nós as queremos?”.

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