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Homem conta como é verdadeira vida em um necrotério

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Quando alguém pensa em um trabalho dos sonhos, dificilmente, pensará em trabalhar em um necrotério. Ser um especialista forense está na lista das atividades mais indesejáveis do mundo. E talvez ela figure nessa lista apenas baseada no que as pessoas veem no cinema. Ainda se sabe pouco sobre essa profissão, e às vezes porque pensar na morte não é uma coisa que as pessoas gostem de fazer.

A rotina desses profissionais podem ser surpreendentes. Alexey Kupryushin tem 30 anos de experiência na profissão e foi chefe de necrotério regional por 20 anos. Há pouco tempo atrás, ele começou um blog onde conta que seu trabalho é animado e interessante.

Kupryushin resolveu compartilhar um pouco mais sobre a sua vivência para que as pessoas desmistifiquem a profissão. Segundo ele, a principal razão pela qual ele se tornou um cientista forense foi por se interessar pela pesquisa. Ele diz que é chato viver sem o trabalho e que somente os profissionais da área saberão, por exemplo, a aparência da pele e dos ossos e assim, entenderão como uma pessoa morreu.

Ele conta também que jamais conseguiria ter trabalhado como médico em outra área. “Eu nunca poderia me tornar um cirurgião. Interferir na natureza viva para mim é inaceitável. O máximo que posso fazer com uma pessoa viva é uma injeção”, conta.

Trabalho

Segundo Kupryushin, entre 300 e 400 corpos por ano passam por um cientista forense em uma cidade com mais de um milhão de habitantes. E ele diz que o perito passa mais tempo no escritório do que observando o cadáver. “Na minha prática, houve casos em que o estudo durou várias horas e sua análise e formulação de conclusões – alguns dias”, relatou.

O homem conta também que outros sentidos podem ajudar na hora de descobrir como uma pessoa morreu. “Um bom olfato dá ao cientista forense algumas vantagens quando é necessário estabelecer que veneno uma pessoa envenenou. Durante o estudo, você pode sentir diferentes odores. Em caso de envenenamento com amônia, o cheiro de ácido carbólico e amônia; dicloroetano, cogumelos secos, ácido cianídrico ou nitrobenzeno ou amêndoa amarga; álcool amílico, cheiro de óleo fúsel, álcool butílico; frutas e alho”, explica.

O trabalho desses profissionais pode ser perigoso não só pelos mortos, mas também pelos vivos. Kupryushin conta que quando bandidos eram mortos e levados para lá, muitas vezes era preciso chamar a polícia para cercar o local porque a autópsia poderia ser uma pista para o crime.

E além dos vivos, muitos especialistas, enfermeiros e técnicos já foram infectados com doenças que estavam no cadáver que estavam analisando.

Esteriótipos

Vários são os mitos e lendas a respeito dessa profissão. Como por exemplo, a de que mortos revivem no necrotério e saem andando. Na experiência de Kupryushin, ele viu acontecer duas vezes. E ambas foram de pessoas que estavam em coma alcoólico que, quando colocadas em uma câmara fria, ficaram sóbrias e saíram de lá andando.

Vários insultos já foram falados a respeito dessa profissão também, mas Kupryushin explica o seu ponto de vista. “Mais de uma vez tive que ouvir a opinião de que o nosso trabalho, comparado ao trabalho dos cirurgiões, não é tão responsável e tenso: não importa que erro você cometa, você não prejudicará uma pessoa. Esta pessoa em particular não, mas você pode prejudicar o outro. Eles podem aprisionar um inocente ou não-condenado. O destino de muitas pessoas depende do meu trabalho”, explica.

Conheça o documentário da BBC que se inspirou no Experimento de Aprisionamento de Stanford

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