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Indústria farmacêutica gasta mais com marketing do que com pesquisas

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Um antialérgico para quando o nariz entope, ibuprofeno para a dor de cabeça, pastilha para garganta inflamada, vitamina C para aumentar a imunidade… Os medicamentos fazem parte do cotidiano. Tanto que, a cada ano, a indústria farmacêutica recebe US$ 1 trilhão dos bolsos da população em busca de remédios.

Sendo assim, é indubitável que a indústria farmacêutica movimenta quantidades impensáveis de dinheiro e isso se explica, em parte, pelos produtos caros. Por exemplo, o remédio com maior faturamento global é o anti-inflamatório injetável Humira, que usa US$ 1.500 todos os meses. Em 2014, o medicamento lucrou US$ 12,5 bilhões para o seu dono, o laboratório AbbVie.

Dessa forma, a indústria farmacêutica justifica preços como esse ao se referir ao processo longo e complicado de desenvolvimento – considerando que a maioria dos remédios falha nas fases de testes. Embora seja verdade, é apenas parte da explicação completa.

Isso porque, das dez maiores empresas da indústria farmacêutica, nove destina mais dinheiro ao marketing do que em pesquisa científica, cerca de 30% a 80% a mais. Esse investimento dá um bom retorno: segundo um levantamento da revista Forbes, o setor é o mais lucrativo de todos os demais, com uma margem média de lucro de 21%. Isso o coloca à frente dos bancos e das empresas de tecnologia, com 17,3% e 16,1%, respectivamente.

Bilionários lucram com pandemia

Fonte: Pixabay

Um estudo da ONG Oxfam lançou luz sobre um tópico interessante: enquanto milhões de pessoas sofreram financeiramente com a pandemia do Covid-19, outras estavam ganhando mais e mais dinheiro. Porém, quem saiu ganhando com a tragédia?

De acordo com o estudo intitulado “Lucrando com a dor”, a riqueza dos bilionários na indústria farmacêutica teve uma alta recorde durante esse período.

Assim, segundo o levantamento, é possível que um milhão de pessoas sejam empurradas para a extrema pobreza a cada 33 horas no ano de 2022. Essa é quase a mesma velocidade do surgimento de novos bilionários durante a pandemia, que é de um a cada 30 horas.

Atualmente, existem 2.668 bilionários ao redor do globo, sendo 573 a mais que em 2020, com uma fortuna que chega a US$ 12,7 trilhões, equivalente a 13,9% do PIB global.

Por conta desse cenário, a ONG recomenda a tributação de grandes fortunas e ainda sugere a taxação temporária, em 90% de lucros excedentes obtidos pelas grandes corporações durante o período da pandemia.

Lucros surpreendentes

Nesse período, tivemos 24 novos bilionários diretamente ligados à indústria farmacêutica. Entre eles, estão os CEOs da Moderna e da BioNTech, que ganham montantes com o monopólio de suas empresas sobre as vacinas, tratamentos, testes e equipamentos de proteção individual.

Além disso, a maior parte da fortuna está associada a bilhões de dólares em subsídios públicos. As maiores empresas farmacêuticas estão lucrando, atualmente, mais de US$ 1 mil por segundo somente com as vacinas, cobrando dos governos até 24 vezes mais do que realmente custaria produzir vacinas de forma genérica.

Por exemplo, com a vacina contra a Covid-19, a Moderna obtém uma margem de lucro bruta de 70%. Portanto, a lucratividade superou US$ 12 bilhões e a empresa ainda teve acesso a US$ 10 bilhões em financiamento do governo dos Estados Unidos.

No caso da Pfizer, ela foi a empresa que mais vendeu vacinas no mundo, mas foi a que menos entregou imunizantes para países de baixa renda. A margem de lucro bruta da vacina Pfizer/BioNTech é de 43%. Só no ano de 2021, a Pfizer pagou US$ 8,7 bilhões em dividendos aos acionistas.

Novos bilionários da indústria farmacêutica

Fonte: John Guccione

Abaixo listaremos os bilionários da indústria farmacêutica que a pandemia produziu.

Li Jianquan

  • Valor líquido: US$ 6,8 bilhões
  • Origem: Hong Kong

Dono da Winner Medical que lucrou com a venda de máscaras, macacões e aventais de proteção individual.

Stéphane Bancel

  • Valor líquido: US$ 4,3 bilhões
  • Origem: França

CEO da Moderna, que teve a vacina contra a Covid-19 aprovada pela FDA em dezembro.

Uğur Şahin

  • Valor líquido: US$ 4 bilhões
  • Origem: Alemanha

CEO e cofundador da BioNTech, que fez parceria com a Pfizer para fabricar a primeira vacina contra a Covid-19 autorizada pela FDA.

Yuan Liping

  • Valor líquido: US$ 3,6 bilhões
  • Oirgem: Canadá

Recebeu participação de 24$ na fabricação de vacinas Shenzhen Kangtai Biological Products. Assim, a empresa assinou um acordo com a AstraZeneza para produzir pelo menos 100 milhões de doses de vacina.

Chen Xiao Ying

  • Valor líquido: US$ 2,4 bilhões
  • Origem: China

Investidor do Alibaba Health Information Technology, que desenvolveu uma plataforma digital para o lançamento da vacina Sinovac.

Dai Lizhong

  • Valor líquido: US$ 2,4 bilhões
  • Origem: China

Presidente da empresa de diagnóstico Sansure Biotech, que realiza testes de Covid-19.

Karin Sartorius-Herbst

  • Valor líquido: US$ 2,4 bilhões
  • Origem: Alemanha

Possui participação na biofarmêutica alemã Sartorius AG, que fornece suprimentos de laboratório para testes de Covid-19.

Timothy Springer

  • Valor líquido: US$ 2,2 bilhões
  • Origem: Estados Unidos

Imunologita e professor de química biológica e farmacologia molecular na Harvard. Assim, foi investidor da Moderna em 2010 e possui participação de 3,5%.

Noubar Afeyan

  • Valor líquido: US$ 1,9 bilhão
  • Origem: Estados Unidos

Presidente e confundador da Moderna. Além disso, é CEO da empresa da capital de risco de ciências da vida Flagship Pioneering.

Carl Hansen

  • Valor líquido: US$ 1,8 bilhão
  • Origem: Canadá

CEO e fundador da empresa AbCellera, que fez parceira com a Eli Lilly em um tratamento de anticorpos.

Juan López-Belmonte López

  • Valor líquido: US$ 1,8 bilhão
  • Origem: Espanha

Presidente da Rovi, que assinou acordo com a Moderna para envazar e embalar doses da vacina.

John Oyler

  • Valor líquido: US$ 1,8 bilhão
  • Origem: Estados Unidos

CEO e cofundador da farmacêutica BeiGene que assinou acordo com a empresa Singlomeic Pharmaceuticals para desenvolver, fabricar e vender um tratamento de anticorpos.

Robert Langer

  • Valor líquido: US$ 1,6 bilhão
  • Origem: Estados Unidos

Professor do Massachussets Institute of Technology, onde lidera o Langer Lab. Além disso, ele mantém 3% da Moderna, empresa que ajudou a fundar em 2010.

Ren Jinsheng

  • Valor líquido: US$ 1,5 bilhão
  • Origem: China

Presidente e fundador da Simcere Pharmaceutical Group, que aumentou a produção dos antivirais arbidol e zanamivir.

Arvind Lal

  • Valor líquido: US$ 1,5 bilhão
  • Origem: Índia

Presidente da cadeia indiana Dr. Lal Pathlabs, que oferece testes de Covid-19 na Índia.

August Troendle

  • Valor líquido: US$ 1,5 bilhão
  • Origem: Estados Unidos

CEO e cofundador da Medplace, que auxilia a indústria farmacêutica a realizar ensaios clínicos de medicamentos de Covid-19.

Lian Yaoming

  • Valor líquido: US$ 1,4 bilhão
  • Origem: China

Presidente da empresa Guanzhou Kingmed Diagnostics Groups, que aplicou testes de Covid-19 na China.

Cao Xiaochun

  • Valor líquido: US$ 1,4 bilhão
  • Origem: China

Cofundador e diretor da empresa de pesquisa farmacêutica Hangzhou Tigermed Consulting, que apoiou ensaios clínicos da vacina CanSino.

Xiong Jun

  • Valor líquido: US$ 1,3 bilhão
  • Origem: China

Presidente da biofarmacêutica Shangai Junshi Biosciences, que trabalhou em parceria com Eli Lilly em tratamentos de anticorpos.

Mao Huihua

  • Valor líquido: US$ 1 bilhão
  • Origem: Canadá

Cofundador da fabricante de vacinas CanSino.

Premchand Godha

  • Valor líquido: US$ 1,2 bilhão
  • Origem: Índia

Presidente da Ipca Labs, especializada em medicamentos genéricos e responsável pela exportação de hidroxicloroquina para os Estados Unidos.

Li Wenmei

  • Valor líquido: US$ 1,1 bilhão
  • Origem: China

Cofundador e gerente geral da Guangzhou Wondfo Biotech, que fornece testes de Covid-19.

M. Satyanarayana Reddy

  • Valor líquido: US$ 1,1 bilhão
  • Origem: Índia

Fundador e presidente da farmacêutica MSN Group. Dessa forma, começou a produzir uma versão de baixo custo do antiviral favipiravir contra a Covid-19.

Yu de Chao

  • Valor líquido: US$ 1 bilhão
  • Origem: Estados Unidos

Fundadora da biofarmacêutica chinesa Innovent Biologics, responsável por desenvolver um tratamento de anticorpos para o Covid-19.

Fonte: Panorama Farmacêutica, Superinteressante

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