105 pessoas foram intoxicadas desde o dia 6 de junho pela contaminação industrial nas cidades de Quintero e Puchuncaví, no Chile. A região é conhecida como “Chernobyl chilena” e há décadas é afetada por uma crise ambiental causada pela indústria pesada.
Em comunicado, a Superintendência do Ambiente (SMA) confirmou na quarta-feira (08/06) que os intoxicados foram atendidos no Hospital de Quintero, no Atendimento Primária de Saúde (APS) de Quintero e no APS de Puchuncaví.
Na segunda-feira (06/06) foi informado que 75 pessoas, incluindo 50 estudantes, foram intoxicadas por uma elevada concentração de dióxido de enxofre (SO2) de 1.327 ug/m3. Os dados foram registrados na Estação de Qualidade do Ar de Quintero. O número foi cinco vezes superior ao normal.
Quintero e Puchuncaví, duas cidades costeiras que somam quase 50 mil habitantes, ficaram conhecidas como “zonas de sacrifício ambiental” desde que o governo do Chile decidiu, em 1958, banir a pesca artesanal e a agricultura para transformar a região em polo industrial. Atualmente, o local abriga quatro usinas termoelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobre.
Posicionamento das autoridades
O Ministério Público de Quintero abriu uma investigação depois de uma denúncia citar a intoxicação de vários adultos e crianças.
“Uma ordem de investigação foi enviada à Bidema (Brigada de Investigação de Crimes Contra a Saúde Pública e o Meio Ambiente), com um prazo de 30 dias para um relatório”, afirmou Luis Ventura, procurador-geral de Quintero.
As autoridades locais precisam declarar emergência ambiental na região. Por isso, suspenderam as aulas e proibiram atividades físicas e fontes de calefação.
Segundo os relatórios médicos, os pacientes apresentaram sintomas como dor de cabeça, coceira nos olhos e na garganta, além de náuseas.
O superintendente do Meio Ambiente do Chile, Emanuel Ibarra, intimou na quarta-feira (08/06) que as seis empresas localizadas no parque industrial da região adotem medidas para “limitar sua atividade produtiva, sem prejudicar o abastecimento básico”.
“As novas medidas que estamos ordenando são baseadas na verificação de que os episódios de intoxicação de hoje estão relacionados com a emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) no cinturão industrial de Quintero e Puchuncaví”, afirmou.
As empresas são a Usina Gasmar Quintero, o Terminal de Asfaltos e Combustíveis Enex, o Terminal Marítimo de Quintero da Copec (principal empresa de combustíveis do Chile), o Terminal Marítimo da Empresa Nacional de Petróleo (ENAP), o Terminal Marítimo GNL Quintero e o Terminal Marítimo Oxiquim.
A organização ambientalista Greenpeace descreveu a área como “Chernobyl chilena” em 2018, após um grave episódio de contaminação. Na época, quase 600 pessoas de Quintero e Puchuncaví foram aos centros médicos com um quadro clínico atípico. As pessoas apresentavam sintomas como vômitos de sangue, dores de cabeça, náuseas e paralisia dos membros. Também foi notado ferimentos na pele das crianças.
Terremoto de magnitude 5,6 atinge Antofagasta, no Chile
Além das pessoas infectadas na “Chernobyl Chilena”, o Chile também sofreu com um terremoto de magnitude 5,6. O evento foi registrado na cidade de Antofagasta. A informação foi divulgada pelo Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu (EMSC).
O terremoto aconteceu a uma profundidade de 100 km, de acordo com a EMSC.
A cidade de Antofagasta está localizada na região portuária. A região é considerada capital regional no deserto de Atacama, no norte do Chile.
Maior terremoto do mundo aconteceu no Chile
Vale lembrar que recentemente, no mês de abril, foi divulgado que foram encontradas evidências do maior terremoto da história da humanidade no norte do Chile.
De acordo com o estudo liderado pela Universidade do Chile, o terremoto teria atingido uma magnitude de 9,5, produzindo um enorme tsunami que fez com que a população costeira abandonasse o litoral por até mil anos.
O terremoto ocorreu 3.800 anos atrás devido à ruptura de uma placa tectônica na região. O tsunami provocado pelo fenômeno viajou até a costa da Nova Zelândia, onde lançou enormes pedras a quilômetros no interior da ilha.
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