Natureza

Nazaré: a cidade portuguesa que domou ondas gigantes

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Em Portugal, a vila de Nazaré sempre foi um destino turístico procurado no verão. Afinal, as ondas gigantes do mar e os faróis históricos são potentes cartões-postais. Inclusive, muitos buscam o chacoalho agressivo que o mar local gera em quem está dentro das torres.

Porém, neste século, a população desse ponto do litoral português teve que se acostumar com turistas durante o ano todo. Isso porque a comunidade em questão entrou de vez no mapa do surfe mundial. Dessa forma, atletas e admiradores de várias partes do mundo se reúnem na vila, a fim de acompanharem o desbravamento das temidas ondas gigantes de Nazaré.

Fonte: Liga Mundial de Surfe

A princípio, este processo pediu uma mãozinha estatal para acontecer, pois antes de 2010, os invernos da vila faziam com que ela se tornasse uma cidade fantasma. Sendo assim, a população pedia por um fomento à atividade turística, uma vez que sua outra atividade econômica predominante, a pesca, também estava em declínio.

As ondas gigantes de Nazaré

Definitivamente, as ondas gigantes de Nazaré são populares no mundo todo. Afinal, perto da praia local possui um cânion submarino de 5 km de profundidade.

Em condições normais, as ondas viajam com velocidades maiores em regiões mais profundas. Conforme as ondulações se aproximam da praia, o mar raso faz com que elas percam velocidade. Logo, o que costuma chegar até nós é aquela ondinha para fazer “jacaré”.

Todavia, em Nazaré, a lógica acontece de outra forma. Uma vez que o mar local possui cânion tão profundo, ele preserva a alta velocidade do mar no fundo oceano. Portanto, esse efeito de redução da força das ondas é sabotado.

Em seguida, essa onda gigante sofre outra amplificação. Isso porque ela se encontra com as ondulações do mar raso, e juntas, formam verdadeiros paredões de até 30 metros.

Entretanto, não basta um local ter ondas gigantes para se tornar um point do surfe. É preciso que também haja estruturas de suporte aos surfistas, principalmente em aspectos de segurança, e a essa demanda Nazaré não atendia.

Em síntese, nem os profissionais de surfe locais se arriscavam nas ondulações em seu quintal. Logo, eles se lançavam até um certo limite de agressividade das ondas. Caso a coisa ficasse feia demais, eles sabiam que estava na hora de parar.

Por isso, os invernos faziam da cidade um lugar fantasma, já que as monstruosas ondulações ainda não eram atrativas aos surfistas. Dessa forma, a população da vila entendia que ali havia um enorme potencial turístico não explorado, o que começou a mudar no fim da década de 2000.

Fonte: Helio Dilolwla

Nazaré no mapa do surfe 

Em 2008, a administração local da vila chegou à conclusão de que precisava fomentar o surfe para manter bons fluxos de turistas durante o ano todo. Logo, começou a financiar projetos que colocassem Nazaré no mapa do surfe mundial.

Nesse sentido, uma das primeiras empreitadas foi em 2010, através do desembarque de Garrett McNamara no povoado de 15 mil habitantes. Ele era uma estrela mundial entre os surfistas por encarar as ondas mais destemidas existentes. Apesar de ser corajoso, ele não se desafiava na cidade portuguesa por conta da falta de condições de segurança, como jet skis de resgate e um observador com rádio para orientar o piloto.

Portanto, vendo que os requisitos estavam em dia, ele se lançou nas ondas monstruosas do mar local. Assim, conseguiu a façanha de quebrar o recorde mundial ao surfar uma onda de 24 metros de altura. A partir de então, o desafio estava lançado: quem conseguirá superar Garret McNamara?

Com isso, surfistas do mundo todo voltaram seus olhos para Nazaré, entre eles, dois brasileiros. Em 2017, o brasileiro Rodrigo Koxa desbancou o americano ao enfrentar um paredão de mais de 24 metros. Além disso, a também brasileira Maya Gabeira alcançou o recorde mundial feminino na cidade portuguesa, quando surfou uma onda de 21 metros.

Fonte: Arquivo pessoal

Por conta dessa visibilidade, os moradores de Nazaré veem o apelo ao surfe como um divisor de águas. Afinal, surfistas do mundo todo se deslocam a esta vila para desbancar as maiores ondulações do mundo. E juntamente com estes desafios, moradores da comunidade desfrutam de ótimas ondas de desenvolvimento econômico e progresso.

Fonte: BBC.

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