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Por que a data de validade pode aumentar desperdício de alimentos

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A maioria das pessoas costumam olhar a data de validade dos alimentos para evitar perigos alimentares. Muitas até acreditam que elas são as datas de vencimento, ou a data em que um alimento deve ir para o lixo.

No entanto, de acordo com a microbióloga e pesquisadora de saúde pública, Jill Roberts, que também é professora associada de saúde global da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, as datas têm pouca relação sobre quando os alimentos estragam ou se tornam menos seguros para comer.

Segundo a especialista, o sistema para datar os produtos é mais baseado na forma que a ciência diferencia os alimentos que podem comer com segurança daqueles que podem ser perigosos.

Desperdício

Foto: Getty Images/ BBC

O atual sistema de rotulagem dos alimentos pode ser o responsável por grande parte do desperdício.

A FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA, aponta que a confusão dos consumidores em relação às datas de validade é responsável por aproximadamente 20% dos alimentos desperdiçados nas casas, custando cerca de US$ 161 bilhões por ano.

As datas estão nos rótulos por razões de segurança, já que o governo federal impõe regras para colocar informações nutricionais e de ingredientes nos rótulos dos alimentos.

A Lei dos Alimentos, Medicamentos e Cosméticos foi aprovada em 1938 e continua sendo modificada até os dias atuais. A medida exige que os rótulos dos alimentos informem os consumidores sobre a nutrição e os ingredientes dos alimentos embalados.

No entanto, essas datas não são regulamentadas pela FDA e são vindas dos produtores de alimentos. Por isso, elas podem não ser baseadas na ciência da segurança alimentar.

Por exemplo, um grande produtor de alimentos pode fazer uma entrevista de grupo focal com os consumidores para determinar uma “data de validade”. Já os fabricantes menores podem copiá-lo e colocar a mesma validade no seu produto.

Outras interpretações sobre a data de validade

Foto: FangXiaNuo / iStock

Um grupo da indústria, o Food Marketing Institute e a Grocery Manufacturers Association, sugere que seus membros coloquem nas embalagens “consumir de preferência antes de” para indicar por quanto tempo o alimento é seguro para comer, e “consumir até” para indicar quando os alimentos se tornam inseguros.

No entanto, esse uso é voluntário. Além disso, apesar da ação objetivar reduzir o esperdício de alimentos, ainda não está claro se esta mudança recomendada teve algum impacto.

Já um estudo conjunto da Harvard Food Law and Policy Clinic e do National Resources Defense Council orientou a eliminação de datas de validade destinadas a consumidores. Eles citam possíveis confusões e desperdícios.

A pesquisa sugere que os fabricantes e distribuidores utilizem datas de “produção” ou “empacotamento”, junto a datas para “vender até”, destinadas a supermercados e outros varejistas.

Essas datas apontariam aos varejistas a quantidade de tempo que um produto permanecerá com alta qualidade para consumo.

Além disso, vale destacar que a FDA considera que alguns produtos são “alimentos potencialmente perigosos” se tiverem características que permitam que os micróbios prosperem, como umidade e nutrientes que alimentam os microorganismos. Estes alimentos incluem frango e leite.

Consumidores no controle

Foto: Getty Images/ BBC

Roberts aponta que determinar a data de validade dos alimentos com dados científicos sobre sua nutrição e segurança pode reduzir o risco. A especialista ainda afirma que isso pode ajudar a economizar dinheiro.

No entanto, a pesquisadora aponta que enquanto isso não ocorre, os consumidores podem confiar em seus olhos e narizes. Com isso, jogarão fora o pão mofado, o queijo verde ou o pacote de salada com cheiro ruim.

Além disso, pode ser dada mais atenção à data de validade de produtos perecíveis, como frios. Isso porque os micróbios crescem facilmente neles.

Vale destacar que recentemente, no dia 22 de julho, o Ministério da Agricultura do Brasil publicou uma portaria em que dispensa a obrigatoriedade dos produtores de informar o prazo de validade em vegetais frescos embalados. 

Fonte: BBC

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