Um estudo com tartarugas de mochila permitiu finalmente sanarmos um dos maiores mistérios dessa espécie, e claro que teve um toque de fofura junto.
Você já se perguntou como os filhotes de tartarugas marinhas conseguem sair da areia? Como eles saem dos ovos enterrados e correm para o mar, mesmo sendo tão pequenos?
Uma equipe da UNSW Sydney, na Austrália, investigou esse mistério e descobriu a verdade.
Eles, em vez de cavar, “nadam” até a superfície. Para entender melhor esse processo, os cientistas utilizaram um acelerômetro.
Via Canaltech
Os ovos de tartaruga marinha são depositados em ninhos a uma profundidade que varia entre 30 e 80 cm. Após a eclosão, os filhotes levam de três a sete dias para alcançar a superfície.
Até recentemente, pouco se sabia sobre o que acontecia nos primeiros dias de vida desses animais.
Com base nas novas pesquisas, descobriu-se que os filhotes mantêm a cabeça erguida enquanto se movem verticalmente pela areia, balançando seus corpos para frente e para trás.
Davey Dor, um dos autores do estudo, fez um comunicado para a UNSW Sydney, explicando. Ele diz que, quando um filhote de tartaruga sai do ovo, ele está imerso na completa escuridão.
Não há nenhum sinal que indique qual direção leva à superfície. Mesmo assim, eles conseguem se orientar e subir por conta própria, afirma.
Suas descobertas iniciais abrem portas para muitas novas questões sobre a ecologia das tartarugas marinhas, acrescenta o pesquisador. O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.
O trabalho menciona que, há 64 anos, cientistas observaram pela primeira vez o comportamento das tartarugas ao sair dos ovos e subir à superfície.
Desde então, pesquisadores ao redor do mundo vêm buscando diferentes técnicas para estudar essa fase, mas faltava tecnologia para realmente compreender o que ocorre nesse processo.
O que se chama como tartarugas de mochila na verdade diz respeito a uma ferramenta chamada acelerômetro. O princípio básico do acelerômetro que utilizaram é que ele mede a aceleração em três eixos diferentes.
Assim, ele consegue detectar variações de velocidade em movimentos para frente e para trás, para cima e para baixo, e de um lado para o outro, explica o cientista.
Após localizar os ninhos, os pesquisadores aguardaram cerca de 60 dias para o desenvolvimento dos ovos.
Três dias antes da eclosão, eles posicionaram um dispositivo chamado detector de eclosão próximo a dez ninhos, com o objetivo de medir a voltagem no local e identificar o momento exato em que os filhotes saíam dos ovos.
Em seguida, escavaram o ninho, selecionaram o filhote mais próximo da superfície e prenderam nele um acelerômetro antes de colocá-lo de volta.
A ciência tem sido fundamental para desvendar mistérios do reino animal, como os sons emitidos por tartarugas e outros animais aparentemente silenciosos.
Via Pexels
As tartarugas marinhas escondem e enterram seus ovos como uma estratégia de sobrevivência. Existem várias razões evolutivas e biológicas para esse comportamento.
Primeiro, enterrar os ovos os mantém escondidos de predadores, como aves, mamíferos e outros animais que se alimentam de ovos ou filhotes recém-nascidos.
Além disso, a areia ajuda a manter uma temperatura estável nos ninhos, o que é crucial para o desenvolvimento dos embriões. A temperatura também influencia o sexo dos filhotes. Temperaturas mais altas tendem a gerar mais fêmeas, enquanto temperaturas mais baixas produzem mais machos.
Nesse caso, enterrar os ovos os protege de condições climáticas adversas, como calor extremo ou chuvas fortes, que poderiam danificar os ovos ou dificultar o desenvolvimento dos embriões.
Ainda, o ambiente retém umidade, o que é importante para evitar que os ovos sequem. A umidade adequada é fundamental para o desenvolvimento dos filhotes.
Por fim, esse hábito reduz a exposição direta a fatores externos que podem causar danos, como a radiação solar intensa e o vento. Por isso, é uma prática das tartarugas, e, graças ao dispositivo de mochila, agora sabemos como elas saem da sua proteção na areia.
Fonte: Canaltech