Bar de SP que encenou violência contra mulher instala placa contra crianças

O bar e restaurante La Borratxeria Parrilla, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, recebeu diversas críticas na internet depois de viralizar na terça-feira (9). O motivo? Colocaram uma placa em sua fachada que diz: “Não odiamos crianças, é só a sua mesmo”. Vale destacar que a hamburgueria tem o costume de fazer marketing com temas pouco convencionais, como violência contra a mulher e infância.

Os próprios donos do estabelecimento postaram uma foto da placa no Instagram do local. Além disso, há outra postagem com uma caixa de papelão com a frase: “Espaço Kids. Deixe aqui seu bebê e coma à vontade”. Sendo assim, internautas criticaram a mensagem na fachada do bar. “Incrível como o ódio à infância é normalizado, né? Substitua crianças por mulheres/negros/idosos/chineses/obesos, qualquer outro grupo social, e já estava dando até polícia lá”, comentou um em tuíte.

Reprodução/Redes sociais

“Se tem coisa mais ridículo e sem noção que este restaurante na João Moura, alguém me avisa”, disse outra, no Instagram. De acordo com o presidente da Comissão de Adoção e Convivência Familiar de Crianças e Adolescentes da OAB-SP, Ariel de Castro Alves, as mensagens configuram “crime de incitação à violência”.

“Várias violações estão sendo cometidas. Aos direitos das crianças ao respeito, proteção integral, dignidade, convivência familiar e comunitária, de não sofrerem humilhações, constrangimentos, opressões e situações vexatórias”, disse Ariel.

Integrante do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o advogado declarou que “a Delegacia de Crimes de Intolerância (Decradi) deveria instaurar inquérito e apurar as condutas dos proprietários do estabelecimento.”

Além disso, Ariel avalia que “a promotoria da Infância e Juventude pode instaurar inquérito civil para apurar as infrações ao ECA e a Constituição Federal cometidas pelo proprietário” da hamburgueria. Já o estabelecimento em questão não deu retorno sobre as acusações.

Marketing desagradável

O bar, que antigamente se chamava Underdog, já usou as redes sociais para fazer publicações como a da placa. Em 2019, o estabelecimento publicou dois vídeos em que um dos funcionários do restaurante encena agressão a uma colega de trabalho.

Além disso, em 2017, colocaram uma placa na fachada do restaurante que comparou crianças a animais. “Aqui seu cão é bem vindo! Mas crianças favor amarrá-las ao poste”, dizia a mensagem na lousa.

Reprodução/Redes sociais

“Sátira” de violência

O perfil do Underdog, o nome do bar na época, em 2019, usou as redes sociais para publicar vídeo que encena a violência contra a mulher. Assim sendo, no primeiro vídeo, um cliente reclama que o lanche está salgado. Então, o dono do local vai até a cozinha e agride a funcionária que seria a responsável. Já a segunda cena mostra a mesma funcionária montando outro lanche com o olho roxo e, ao fundo, o chefe diz: “pouco sal”.

Reprodução/Redes sociais

Enquanto os vídeos foram retirados na página oficial do estabelecimento no Instagram, foram republicados na página pessoal do dono, Santi Roig. A crítica em questão foi que o vídeo que fizeram como forma de humor envolviam apologia à violência contra mulher.

Portanto, Santi publicou uma série de oito vídeos em sua conta pessoal em que fala das críticas “mais agressivas, sem diálogo” que ele respondeu. “Eu assumo não sou muito bom para responder e eu acabo respondendo à altura e não deveria. Muitas vezes, não deveria mesmo. São coisas que eu preciso melhorar, ok?”.

O chef ainda disse que os vídeos foram feitos em conjunto e que a funcionária que interpretou a cena tem um dos cargos mais altos da hamburgueira. “Ela recebe igual. Todo mundo fala que é o mínimo que pode fazer. Sim, é o mínimo e todo mundo deveria fazer isso, mas não faz. Essa é a realidade”, afirmou Santi.

Ele conta que o objetivo dos vídeos era satirizar “o chefe bipolar”. Aquele que “chega na mesa e trata o cliente com uma risadinha falsa e faz todo aquele agrado para os clientes e chega atrás da cozinha e senta a porrada em todo o seu staff”.

O dono também criticou “as feministas formadoras de opinião que acham que estão salvando o mundo” e “blogueiras youtubers” que lideraram as críticas contra o estabelecimento e se desculpou com as vítimas de violência.

Fonte: G1