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O peixe brasileiro que desenvolveu uma ”armadura” para sobreviver

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O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do planeta. Nativo da Amazônia, seu comprimento, quando adulto, costuma variar de dois a três metros. Já o peso, de 100 a 200 kg. A espécie vive em lagos e rios afluentes, de águas claras, com temperaturas que variam de 24° a 37°C. Por isso, o pirarucu não pode encontrado em lugares com fortes correntezas ou em águas com sedimentos.

Em suma, o pirarucu é um animal onívoro. A espécie se alimenta de seres animais e vegetais. Em sua cadeia alimentar, podemos encontrar como fonte de alimento frutas, vermes, insetos, moluscos, crustáceos, peixes, anfíbios, répteis e até mesmo aves aquáticas.

De todas suas características, uma se destaca: as escamas mais resistentes do mundo natural. Analogamente, em seu processo evolutivo, o pirarucu armou-se, quase literalmente, com escamas altamente resistentes e flexíveis diante do impacto externo, como, por exemplo, o de uma mordida.

Escamas

Mesmo sendo um dos maiores peixes de água doce do planeta, o pirarucu, constantemente, precisa escapar das piranhas. As piranhas, peixes que pertencentes à subfamília Serrasalminae, têm dentes em formatos triangulares. Tal característica as tornam um dos principais predadores nos lagos sazonais, onde outros peixes ficam “presos” com a variação do nível da água.

De acordo com pesquisadores de universidades americanas, da Califórnia San Diego (UCSD) e Califórnia Berkeley, as escamas do pirarucu, hoje, funcionam como uma espécies de “armadura”. Em suma, para os pesquisadores, as escamas deste gigante da Amazônia estão entre “os mais resistentes materiais biológicos flexíveis da natureza”.

Basicamente, os pesquisadores, que atuam na área da engenharia de materiais, vêm pesquisando as escamas do pirarucu há alguns anos objeto de estudo. Essa armadura, inclusive, já gerou outras publicações antes. Entretanto, somente agora foi possível revelar os resultados de testes de resistência observados a nível microscópico.

Após analisarem os resultados obtidos, os autores destacam que a compreensão de como funciona o “escudo” do pirarucu pode levar, no futuro, à sua imitação em itens como coletes à prova de balas, por exemplo.

Camadas poderosas

Em suma, as escamas do pirarucu oferecem proteção contra os predadores sem comprometer a mobilidade. De acordo com os pesquisadores, as escamas dessa espécie são leves, flexíveis e, claro, resistentes.

Mas como as escamas podem ser tão resistentes? As escamas do gigante amazônico são formadas por duas camadas. Basicamente, a mais externa é altamente mineralizada e dura. Já a segunda camada, a mais interna, é, sobretudo, composta por fibrilas de colágeno e maleável.

De acordo com os cientistas, as fibrilas de colágeno, nessa camada, seguem um padrão chamado Bouligand. A resistência, a força e as propriedades mecânicas das escamas do pirarucu, até então, já eram conhecidas. Em contrapartida, sua “tenacidade à fratura” era pouco compreendida.

Para compreender melhor, a “tenacidade à fratura” é a habilidade de um material resistir antes de quebrar ou ter algum tipo de deformação sob impacto. Para visualizar melhor todo o processo, os pesquisadores colocaram amostras de escamas do pirarucu, em placas.

Em seguida, as placas foram perfuradas em laboratório. Os pesquisadores capturaram imagens microscópicas do processo. Além disso, também fizeram testes de diversas maneiras, variando, por exemplo, a posição da lâmina cortante em relação às escamas.

Em suma, os pesquisadores descobriram que, sob pressão, a camada mais externa, mineralizada e dura, vai rachando e depois se fragmentando. É isso que proporciona maior proteção a seguinte camada, a mais repleta de colágeno.

Quando chega-se a essa etapa, as fibrilas de colágeno têm mecanismos dinâmicos de deformação, como, por exemplo, amortecer um determinado impacto.

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