Osso de tíbia de 1,45 milhão de anos pode ser de vítima mais antiga de canibalismo

O costume de comer gente, ou seja, o canibalismo, era algo natural para muitas sociedades, ou tribos indígenas que, desde sempre, consideraram que comer a carne humana, por alguma razão, transferiria a força do alimento para o alimentado. Apesar de existirem tribos que aplicavam essa lógica somente em tempos de guerra ou com inimigos, para outras, as pessoas da mesma espécie não deixavam de ser feitas de carne.

Por mais que essa prática seja um tabu, não existem leis que proíbem o canibalismo em alguns países, como por exemplo, nos Estados Unidos, Reino Unido e até mesmo no Brasil. E como dito, o canibalismo é uma prática antiga, como prova essa descoberta recente.

De acordo com cortes vistos em um osso de um ancestral humano, ele pode ser a vítima de canibalismo mais antiga do mundo que se conhece. O estudo que fez essa descoberta foi liderado pela paleoantropóloga Briana Pobiner, do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos.

Vítima mais antiga de canibalismo

canibalismo

Aventuras na história

O estudo se baseou nas marcas vistas no osso de uma tíbia esquerda encontrada há mais de 50 anos. Esse osso estava em um sítio arqueológico de Koobi Fora, no Quênia e data de 1,5 milhão de anos atrás, época do período primário do Pleistoceno.

De acordo com o estudo, nove das 11 marcas vistas no osso são de ferramentas feitas de pedra que foram usadas para dilacerar a carne e prepará-la ao canibalismo da pessoa. As outras duas marcas foram feitas por um animal que era parecido com um sabre, mas que já está extinto.

“As informações que temos nos dizem que os hominídeos provavelmente comiam outros hominídeos há pelo menos 1,45 milhão de anos”, disse Pobiner.

“Existem inúmeros outros exemplos de espécies da árvore evolutiva humana consumindo umas às outras para nutrição, mas este fóssil sugere que os parentes de nossa espécie estavam comendo uns aos outros para sobreviver no passado mais distante do que reconhecemos”, continuou,

A maior parte das marcas vistas são curtas, lineares e estreitas como uma reta e uma seção transversal no formato de “V”. “As marcas de corte também são todas orientadas da mesma maneira, de modo que uma mão empunhando uma ferramenta de pedra poderia ter feito todas elas em sucessão sem alterar a pegada ou ajustar o ângulo de ataque”, disseram os pesquisadores.

Observações

Aventuras na história

Além disso, todos os cortes vistos estão na mesma parte do osso. E uma coisa que chamou a atenção dos pesquisadores foi que nenhuma delas se sobrepõe às duas marcas que foram feitas pelas mordidas do animal. Por conta disso não está claro em qual ordem as coisas aconteceram, se o canibalismo aconteceu primeiro e depois o animal comeu o resto ou o contrário.

“Parece mais provável que a carne desta perna tenha sido comida e que tenha sido comida para nutrição e não para um ritual. Então, este fóssil pode ser um traço de canibalismo pré-histórico, mas também é possível que seja o caso de uma espécie comendo seu primo evolutivo”, pontuou Pobiner.

Essa é uma hipótese que deve ser levada em consideração porque os pesquisadores encontraram evidências de que, pelo menos, três espécies diferentes de hominídeos viveram há cerca de 1,5 milhão de anos na mesma região onde o osso foi encontrado. Eram eles: o Homo erectus, o Homo Habilis e o Paranthropus boisei.

Mesmo sabendo disso, os pesquisadores ainda não sabem de qual espécie era essa vítima de canibalismo. O que se pode pensar é que, em determinado momento naquela época pode ter acontecido uma escassez de alimentos e isso fez com que os povos se voltassem ao canibalismo como uma forma de sobrevivência.

Fonte: Aventuras na história 

Imagens: Aventuras na história 

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