Com certeza, Darwin não imaginaria as proporções que tomariam as suas observações nas Ilhas Galápagos. Basicamente, até correntes da psicologia surgiram com base nos estudos do naturalista inglês. Sendo assim, hoje trataremos da Psicologia Evolucionista.
Em suma, essa teoria acredita que o “egoísmo” dos genes influencia diretamente na forma como nós humanos construímos a nossa mentalidade. Logo, os neodarwinistas veem na evolução das espécies as respostas para o modo com que lidamos com questões familiares, financeiras, amorosas e sexuais. Nesse post, traremos um pouquinho de como essa viagem se construiu dentro das repercussões dos estudos de Darwin.
O garoto do navio Beagle
Definitivamente, pouco se fala do capitão Robert FitzRoy, líder do navio que levou Charles Darwin até a Ilha Galápagos. A princípio, o marinheiro iria para aquelas bandas de qualquer jeito, já que estava encarregado de mapear a costa da Patagônia, em serviço para o Império Britânico. No entanto, o viajante queria uma companhia na travessia pelo Oceano Atlântico até o Pacífico.
Foi aí que um simpático rapaz de 22 anos surgiu como o colega de embarcação ideal para FitzRoy. Este jovem era Charles Darwin, um garoto curioso que estava estudando para se tornar padre. Dessa forma, no dia 15 de setembro de 1835, o navio Beagle ancorou no arquipélago que hoje faz parte do Equador. De início, o “caroneiro” não estava lá muito ligado em dar fins científicos a essa viagem. Porém, simples bicos de pássaros lhe chamaram a atenção.
Teoria da Evolução
Esse interesse curioso se deu porque em uma ilha as espécies de tentilhões de lá tinham bicos grossos perfeitos para quebrar nozes. Enquanto isso, em outra porção de terra cercada por água, essas proeminências eram finas e se enfiavam bem entre frestas. Como resultado disso, o evolucionista entendeu que talvez não tivesse ocorrido um processo de adaptação, e sim de seleção.
Em síntese, a Teoria da Evolução, neste caso, apregoa que nas duas ilhas haviam pássaros com bicos grossos e finos. Nesse sentido, na ilha que tinha nozes, os tentilhões de bicos troncudos conseguiram se dar melhor do que aqueles que tinham prominências finas. Logo, o primeiro grupo sobreviveu e se reproduziu com mais eficiência, ao passo em que o segundo coletivo foi se extinguindo.
Assim, surgiu a corrente evolucionista, que se aplica não só a Galápagos, mas a diversas partes do mundo. A propósito, a ideia era tão contrária aos princípios religiosos de Darwin e da sociedade global da época, que o naturalista só teve coragem de publicar o seu livro, A Origem das Espécies, 30 anos depois da expedição.
Origem da vida
Há quatro bilhões de anos, a Terra era um espaço de grandes tempestades e erupções vulcânicas. Porém, havia um lugar de certa forma seguro: o mar. Ali moléculas de carbono se juntavam e construíam complexas cadeias.
Nesse sentido, em uma dessas formações surgiu uma molécula um pouco mais “saidinha”. Afinal, ela conseguia se replicar, e para isso, apropriava-se da matéria orgânica que estava ao seu redor. Nesse processo, ocorriam mutações que faziam certas moléculas serem mais replicadoras que outros, o que lhes deu condições de dominar o mar.
Agora, certas espécies moleculares estavam extintas, porém, as entidades que sobraram se multiplicam em uma rapidez jamais vista. Logo, a competição por alimento se tornou uma realidade, e com isso, não restou outra alternativa além de ir ao combate. Ao “comer” outra molécula, dois problemas se resolviam em uma tacada só, visto que o ser primitivo matava sua fome ao mesmo tempo em que eliminava um competidor.
Todavia, essa disputa evolucionista ficou muito injusta quando alguns desses corpos moleculares desenvolveram uma capa protetora, que hoje chamamos de membrana celular. Sim, estamos falando do surgimento das células, as quais passaram a se juntar para montar “clãs” cada vez mais devastadores.
O que isso tem a ver com a Psicologia Evolucionista?
Em síntese, essas uniões celulares são o cerne da construção dos tecidos dos nossos corpos. Estes são estruturas com várias células juntas que só pensam em uma coisa: replicar. Logo, somos apenas robôs operados por esses minúsculos seres replicantes.
Formar nosso organismo foi a forma que as células encontraram para se protegerem dos perigos do mundo a fora. Portanto, a relação entre nós e nossas células é de ganha-ganha, porém, de acordo com a Psicologia Evolucionista, há um preço a se pagar.
Basicamente, essa corrente diz que já chegamos no mundo com a mente formada. Ou seja, as compreensões de seus ancestrais ao longo da evolução passam para a sua cabeça como se fosse um download. Sendo assim, o seu esquema mental para lidar com boletos e demais problemas dos dias de hoje foi forjado em uma época em que a preocupação do dia era caçar e comer.
Da mesma forma, a prática do sexo também se rege pela vontade de minúsculos seres replicantes, segundo a Psicologia Evolucionista. Isso porque esses corpúsculos querem que a “máquina” que os hospeda – no caso nós, humanos – aumente o repertório de genes de sua linha sucessória. Assim, caso haja algum gene defeituoso no pai, ele pode diluir as chances desse problema se propagar entre seus filhos, basta que ele encontre uma mãe para reconfigurar suas informações genéticas.
Família é família!
Quanto aos assuntos familiares, a Psicologia Evolucionista também coloca nossos genes como fatores de peso nessas relações. Por isso, nessa visão, o carinho de uma mãe pelo filho não é um sentimento que parte dela. Na verdade, seria uma instrução dos seres replicantes que constituem a figura materna, os quais detectam na prole da mãe uma estrutura viva semelhante àquela em que eles estão hospedados.
De modo semelhante, essa influência também se aplica no apreço por primos, netos, irmãos e demais “robôs” com informação genética parecida com a sua. Para a Psicologia Evolucionista, não passamos de máquinas de sobrevivência diferentes que atendem a um clã de seres replicantes específicos.
Fonte: Super Interessante.